Morte... Como se preocupar com esta coisa tão distante?
Aliás, quando bem moço, nem sua existência considerava.
Fazia mais: a desafiava em toda oportunidade que surgia.
Sinceridade? Eu odiava você, nem seu nome podia ouvir.
Com o tempo, vi que não se pode odiá-la ou desprezá-la.
Melhor era cuidar-se e não falar nela: para não provocá-la.
As pessoas lúcidas da minha idade queriam só evitá-la.
Mas agora, depois de tantas dores, amarguras e decepções,
Tantas tristezas e desilusões, hipocrisia e mediocridade,
Vejo a morte com outros olhos. Sinceridade? Com simpatia.
Muitos amigos se foram e nenhum voltou para reclamar,
Seguiram sempre em frente na sua interminável(?) viagem
Aquele monstro inexorável que me inundava de temores,
Na pura verdade nada mais é que minha silenciosa amiga.
Sinto no peito, que não debaterei, pode vir que é bem vinda.
Digo mais, já estou ficando atento ao chamamento, ao aviso.
Meu sonho, meu projeto é morrer na paz que talvez mereça,
Com o coração e a mente transbordantes de esperança e alegria.