sábado, 14 de janeiro de 2012

Você não me assusta mais, querida

Morte... Como se preocupar com esta coisa tão distante?

Aliás, quando bem moço, nem sua existência considerava.

Fazia mais: a desafiava em toda oportunidade que surgia.

Sinceridade? Eu odiava você, nem seu nome podia ouvir.

Com o tempo, vi que não se pode odiá-la ou desprezá-la.

Melhor era cuidar-se e não falar nela: para não provocá-la.

As pessoas lúcidas da minha idade queriam só evitá-la.

Mas agora, depois de tantas dores, amarguras e decepções,

Tantas tristezas e desilusões, hipocrisia e mediocridade,

Vejo a morte com outros olhos. Sinceridade? Com simpatia.

Muitos amigos se foram e nenhum voltou para reclamar,

Seguiram sempre em frente na sua interminável(?) viagem

Aquele monstro inexorável que me inundava de temores,

Na pura verdade nada mais é que minha silenciosa amiga.

Sinto no peito, que não debaterei, pode vir que é bem vinda.

Digo mais, já estou ficando atento ao chamamento, ao aviso.

Meu sonho, meu projeto é morrer na paz que talvez mereça,

Com o coração e a mente transbordantes de esperança e alegria.

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